sexta-feira, 29 de junho de 2012

Semana e marcha da diversidade sexual de Pelotas – 200 anos de preconceito


No dia 28 de junho celebra-se o Dia do Orgulho de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (LGBT). A importância do dia 28 de Junho é que marca o início do movimento moderno LGBT em prol da liberdade de expressão e igualdade de direitos deste segmento da população desde 1969 quando, na cidade de Nova Iorque, um grupo de freqüentadores do Bar Stonewall se revoltou contra as freqüentes intervenções das autoridades no local sem justificativa. O protesto durou três dias mudando as atitudes autoritárias dos policiais drasticamente e marcando para sempre a história do movimento LGBT.

Como sabemos, a história de Pelotas está profundamente marcada pela nobreza de seus charqueadores que proporcionaram o desenvolvimento de uma das cidades mais ricas do Estado do Rio Grande do Sul. Curiosamente, a mesma riqueza que proporcionou aos filhos dos charqueadores estudarem na Europa na época, é responsável pela fama nacional que o município possui de Cidade Gay. Este ano, diversas atividades em comemoração aos 200 anos de Pelotas estão sendo realizadas. Também 200 anos de uma cidade que não acolhe e nunca acolheu sua população LGBT, historicamente marcada por assassinatos, humilhações e escândalos, o que não a distancia muito da história do Brasil.

Por este motivo diversos grupos do Movimento LGBT de Pelotas uniram-se e criaram a 1ª Semana da Diversidade Sexual de Pelotas: 200 anos de preconceito, para manifestar à população e às autoridades públicas os 78 direitos civis garantidos pela Constituição Brasileira de 1988 e negados aos LGBT’s pelas autoridades, pela criminalização da homofobia através da aprovação do texto original da PLC122, pela retirada do veto sobre o Programa Escola sem Homofobia e pela livre expressão sexual.

Dessa forma, convocamos toda a população para conosco, em uma Marcha pela Diversidade Sexual, nas ruas da cidade, no dia 30 de junho (sábado), a partir das 11 horas, com concentração na Esquina Democrática, gritarmos para todos que estamos aqui e que também temos força para lutar! Traga sua bandeira do arco-íris, seu cartaz, sua cara e sua voz! JUNTE-SE A NOSSA LUTA VOCÊ TAMBÉM!




28/06
19h - Seminário promovido pela 5ª CRE - Vivências em Arco Íris: Lutas e Histórias nos 200 anos na Princesa do Sul
Local: Colégio Pelotense

29/06
19h - Seminário – Pelotas: 200 anos de preconceito contra LGBTs na cidade gay
Local: Auditório da Faculdade de Direito UFPel

30/06
11h - Concentração Marcha da Diversidade Sexual
12h - Falas dos grupos organizadores e presentes e Marcha pelas ruas do centro da cidade

quarta-feira, 27 de junho de 2012

200 Anos Para Quem? Um passado escravo que ainda querem enforcar


Na noite de ontem (26), aconteceu o primeiro debate da programação  “Pelotas: 200 Anos para quem?”. Trazendo à tona o tema da Formação da Cidade de Pelotas: Escravidão e Concentração Fundiária, a noite teve  a paticipação do historiador Caiuá Al-Alam, da professora de Sociologia Carla Ávila e do agricultor assentado Telmo Moreira. O encontro teve uma grande participação popular.

Uma cidade prisioneira

A elite conservadora tinha medo da ausência do silêncio dos excluídos

O historiador Cauiá explanou o cosmopolismo popular que a cidade acarreta em sua história. Uma cidade marcada por fortes enforcamentos e prisões, mas com grande movimentação social, obtendo um protagonismo popular mesmo abaixo de repressões e dura  escravidão. De acordo com o historiador, grupos pequenos tiveram uma conjunção de organização que assustou a elite política. Militarismo e ausência de paz fizeram parte de uma história sangrenta da cidade: Um passado vergonhoso de enforcamento e chibata.

O debate chamou a atenção para a importância de se ter uma história contada de forma mais real, diferente da maneira como é explanada pela elite: “Nossa historia é contada por senhores de escravos que desconheceram o real significado e olhar dos excluidos,” declarou.

Pelotas precisa enegrecer sua essência que já é negra

A professora de Sociologia Carla Ávila, militante do Movimento Negro falou sobre um olhar resistente à escravidão que pode ser encontrado em grupos organizados na cultura. Neste caso, um exemplo seria o Grupo de Dança Afro Odara. O hip hop e outras manifestações artisticas ainda permanecem com fortes criticas e resistências sociais, segundo a pesquisadora. As religiões de matriz africana também são um ponto importante de organização politica e retomam a uma ancestralidade africana, muito presente em Pelotas. E que deve permanecer viva e necessariamente valorizada.

A luta pela terra continua


O agricultor assentado Telmo Moreira já participou do MST até o ano passado e atualmente é morador do Assentamento Conquista da Liberdade em Piratini. Ele relatou o passado de povoamento das terras na região de sul, com grande mão-de-obra barata. Para Telmo, o governo nacional possui um desvio ideológico na discussão e nas melhorias dos assuntos relacionados à reforma agrária.


As programações seguem


O Fórum De Lutas Sociais convida a todos a se somarem nestas atividades para a construção de debates e encaminhamentos que só serão possíveis com a movimentação popular. A próxima mesa conta com o tema Formação da Classe Operária em Pelotas e o Movimento Sindical com a participação do Presidente do Sindicato da Alimentação Lair de Mattos e da prof. de História Beatriz Loner.

Programação Completa



terça-feira, 26 de junho de 2012

Pelotas 200 Anos Para Quem?



No próximo dia 7 de julho Pelotas comemora 200 anos de fundação. Para marcar a data, os administradores e os grandes empresários de nossa cidade estão organizando bonitas comemorações e passando a ideia de que somos todos iguais, que todos colaboraram para o desenvolvimento da cidade e que todos vivemos em uma bela cidade.

Que bom que fosse verdade, mas isto é falso. Pelotas, desde o início, foi marcada por muita injustiça social, desigualdade, violência e sangue derramado. Ou não foi assim quando se construíram as charqueadas, à base de trabalho escravo? Ou quando se iniciou o processo de industrialização da cidade, com a criação de grandes fábricas, onde a máxima exploração dos trabalhadores foi cena comum e recorrente. Infelizmente, este quadro de desigualdades não mudou, pois a grande maioria do povo de Pelotas vive hoje em péssimas condições, com salários baixos, alto índice de desemprego, transporte coletivo ruim, insegurança total e ruas sem saneamento.

Por isso, as entidades que compõem o Fórum de Lutas Sociais de Pelotas vêm a público denunciar esta situação e convidar a todos para que se juntem à programação que será desenvolvida nos próximos dias.
Pelotas tem que ser de todos! A cidade somos nós!